Paulo mostra a prática da vida da igreja. No capítulo 4 de sua carta aos Efésios, ele exorta:

“Andem de modo digno da vocação que receberam, com toda humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros em amor”.

No mesmo capítulo, Paulo diz: “Rogo-vos, pois, eu, prisioneiro no Senhor…” Lembra que Paulo estava preso em Roma? Mas ele deixa claro: “Não, eu não sou prisioneiro de Roma. Eu sou prisioneiro no Senhor, estou preso ao Senhor”. Paulo usa uma analogia paradoxal — ele se vale da condição concreta de estar preso para explicar espiritualmente que sua verdadeira “prisão” é em Cristo, e que essa prisão é, na verdade, a sua liberdade.

Que coisa linda! Ele não se vê dominado por correntes humanas, mas ligado a Cristo!

E aí ele completa: “…que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados”. Nós fomos chamados para ser santos, irrepreensíveis, preparados para as boas obras que o Pai já determinou de antemão. Essa é a nossa vocação! Então Paulo está dizendo: vivam de maneira digna desse chamado.

No versículo 2, ele continua: “com toda humildade”. Isso é fundamental, amados. O orgulho é muitas vezes a nossa maior pedra de tropeço. Uma pessoa orgulhosa não é ensinável, não tem um coração quebrantado. E, sem quebrantamento, não conseguimos ser sensíveis à voz do Espírito Santo, que é quem nos mostra o que precisa ser transformado dentro de nós. Por isso a humildade aparece logo como a primeira virtude. Todos nós precisamos ter um coração ensinável, sensível ao Espírito e à Palavra.

Paulo ainda fala: “com mansidão e longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”. Ou seja, nós somos um corpo, e dentro desse corpo precisamos aprender a dar suporte uns aos outros em amor. É isso que ele está nos ensinando.

Ele segue dizendo: “Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz”. Viu só? Ele usou a palavra esforçando-vos diligentemente. Isso significa que não será algo fácil, vai exigir esforço cuidadoso. Sabe por quê? Porque cada um de nós tem um jeito, um temperamento, uma história, uma cultura, uma bagagem familiar. Temos personalidades e até sistemas de crença diferentes. E, na convivência, é natural que encontremos nos outros características que talvez não nos agradem, e vice-versa. Por isso Paulo fala em esforço diligente, pois manter a unidade no Espírito exige disciplina, cuidado e amor.

Somos chamados a ser corpo. Há um só corpo, não muitos. Podemos estar em casas ou ministérios diferentes, mas no Senhor, o corpo é um só. E é por isso que precisamos nos esforçar para andar em amor, porque é o amor que cobre uma multidão de pecados e falhas que enxergamos uns nos outros. Essa é a prática da igreja gloriosa: uma igreja que caminha em unidade.

E então Paulo mostra que o Senhor estabeleceu cinco tipos de ministros: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Para quê? Para aperfeiçoar a igreja, equipá-la e treiná-la para o serviço de Cristo. Veja, amados: esses ministros não existem para que a igreja dependa deles, mas para que a igreja amadureça. Eles são presentes de Deus à igreja, instrumentos para edificar o corpo.

É aqui que precisamos quebrar, em nome de Jesus, a mentalidade de consumo. Nós não somos consumidores da igreja, nem consumidores do evangelho. Nós somos discípulos de Cristo! O evangelho do Reino não é sobre receber, receber e receber. É sobre ser treinado, equipado e enviado. Foi assim que Jesus fez com os discípulos: Ele treinou, equipou e depois enviou. Os apóstolos também agiam assim. Eles iam, ministravam, oravam, e logo deixavam os irmãos caminharem na fé, cheios do Espírito, assumindo sua missão.

Esse é o propósito: que a igreja não fique dependente dos ministros, mas que, sendo equipada, amadureça e chegue à plenitude do varão perfeito, que é Cristo. Aleluia!

Permanecendo inabaláveis

No capítulo 5, Paulo trata de santidade, da mudança prática de vida: deixar a mentira, falar a verdade, abandonar a ira, não dar lugar ao diabo, trabalhar honestamente, edificar com palavras que abençoem, perdoar como fomos perdoados. Ele nos chama a ser imitadores de Deus, andando em amor, como Cristo nos amou. É um processo diário de transformação pelo Espírito Santo.

Depois de mostrar nossa posição em Cristo, a vida em santidade, a unidade do corpo, Paulo conclui, no capítulo 6: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de vencer tudo, permanecer inabaláveis”.

A armadura é clara: cingir-se com a verdade, vestir a couraça da justiça, calçar os pés com o evangelho da paz, empunhar o escudo da fé para apagar os dardos inflamados do maligno, tomar o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Tudo isso aliado à oração constante e vigilante.

Essa é a igreja gloriosa: posicionada em Cristo, unida, amadurecida, santificada, perseverante na oração e na fé. Uma igreja que não recua, mas avança. Uma igreja armada, não apenas para resistir, mas para vencer.

Por isso, meu irmão, minha irmã, quando vierem os levantes contra a sua casa, contra sua mente, contra sua fé, tome essa armadura e se posicione. Você é a igreja de Cristo onde estiver. Nós, como corpo, somos a expressão da vitória dEle na terra. Não por nós, mas por causa dEle, do amor, da graça e da misericórdia do nosso Deus.

Aleluia!