— “Guardem bem o animal escolhido até a tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. Nesse dia, toda a comunidade de Israel sacrificará seu cordeiro ou cabrito ao anoitecer”. Êxodo 12:6
A Páscoa, em seu sentido bíblico, representa a celebração da libertação e redenção do povo de Israel, marcada pelo sacrifício do cordeiro e, no contexto cristão, pelo sacrifício de Jesus como o Cordeiro de Deus, que nos livrou da escravidão do pecado e nos trouxe vida eterna. No entanto, o conceito comercial amplamente difundido pela sociedade transformou essa festividade em um evento focado em consumo, centrado em símbolos como ovos de chocolate e coelhos, que pouco refletem seu significado espiritual.
Essa discrepância evidencia o afastamento entre o propósito original da Páscoa, que é um convite à reflexão e à comunhão com Deus, e a sua adoção cultural, que prioriza aspectos materiais e comerciais. Então, como surgiu essa ideia? É um assunto para uma outra portagem. Acompanhe!
O significado profético da Páscoa
No mês de Nissan, segundo o calendário hebraico, celebra-se a Pessach (Páscoa), uma festividade que marca a libertação do povo de Israel do Egito. Em Êxodo 12:6, Deus instrui que o cordeiro seja guardado até o décimo quarto dia do mês e imolado ao crepúsculo por toda a congregação de Israel. O sangue desse cordeiro deveria ser aplicado nas ombreiras e na verga das portas das casas. Naquela noite, a carne deveria ser assada no fogo e consumida com pães sem fermento e ervas amargas, elementos que simbolizam a aflição e a provisão de Deus.
Deus, em Êxodo 12:12, anuncia que passará pela terra do Egito e ferirá todos os primogênitos, tanto dos homens quanto dos animais, executando juízo sobre os deuses egípcios, reafirmando Sua soberania: “Eu sou o Senhor”. No versículo 13, o sangue torna-se um sinal de proteção para as casas dos filhos de Israel, assegurando que, ao vê-lo, a praga destruidora passará por cima, poupando-os da morte.
Esse dia foi estabelecido como um memorial perpétuo para todas as gerações (vs. 24), uma celebração solene ao Senhor, conforme descrito no versículo 27: “Respondereis: é o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel, quando feriu os egípcios e livrou nossas casas.” Esse ato de libertação levou o povo a inclinar-se em adoração ao Senhor.
A Páscoa, entretanto, aponta para algo maior: o sacrifício de Cristo. Jesus, o verdadeiro Cordeiro de Deus, veio não para replicar o antigo sacrifício de animais, mas para cumprir plenamente o plano de redenção. O sangue aplicado nos umbrais na época de Moisés simboliza o sangue de Jesus derramado na cruz, que nos livra da morte espiritual. Tudo na Páscoa, desde o cordeiro até o ato de redenção, está relacionado a Cristo. Moisés, como libertador, é uma figura que aponta para Jesus, nosso Salvador.
Além de sua dimensão histórica, a Páscoa possui um simbolismo espiritual e profético. Ao celebrarmos essa festividade, alinhamos nossos corações com as bênçãos liberadas por Deus. Assim como os filhos de Israel prepararam o cordeiro e marcaram suas casas com o sangue, somos chamados a reconhecer o poder e o significado do sangue de Jesus que nos protege, nos purifica e nos livra do juízo divino.
A Páscoa também fala sobre a comunhão e o ambiente familiar. Antes de seu sacrifício, Jesus se reuniu à mesa com seus discípulos, celebrando a Páscoa e instituindo a Ceia do Senhor. Essa prática nos lembra que a celebração da Páscoa pode começar em nossa própria casa, ao compartilharmos o pão e o suco de uva como um símbolo da aliança com Cristo. É um momento para declarar que estamos alinhados com as promessas e as bênçãos liberadas por Deus.
Historicamente, a Páscoa marca o início do calendário bíblico e profético de Israel, delimitando todas as outras festas instituídas por Deus. Pensar na palavra “Pessach”, que significa “passar por cima”, nos conecta ao ato redentor do Senhor, que instituiu essa celebração como um memorial para jamais esquecermos que fomos libertos da escravidão do pecado.
Hoje, em Cristo, somos livres. A obra da cruz se fundamenta no evento da Páscoa, que simboliza a transição da escravidão para a liberdade, da morte para a vida abundante e eterna. Somos marcados pelo sangue de Jesus, protegidos contra as acusações do inimigo, e chamados a viver em comunhão com Deus, lembrando sempre da salvação que nos foi concedida. Glória a Deus!
O poder do sangue de Jesus
O sangue de Jesus é tão poderoso que seus benefícios são indescritíveis para uma mente natural. Precisamos de uma visão espiritual para compreender a profundidade e o alcance do que Ele fez por nós na cruz. Quando oramos, podemos clamar: “Jesus, que tudo o que o Teu sangue derramado na cruz conquistou de bom venha sobre minha vida.” Ainda que não possamos entender tudo, declaramos que todas as bênçãos alcançadas por esse sacrifício nos sejam derramadas!
Em Êxodo 12:12, o Senhor declara que passaria pelo Egito, ferindo os primogênitos e executando juízos contra os deuses egípcios. Esse episódio revela que aqueles que estavam cobertos pelo sangue do cordeiro seriam poupados. Da mesma forma, aqueles que estão lavados pelo sangue de Jesus estão protegidos do juízo que virá sobre o mundo. Este sangue não apenas nos guarda, mas nos resgata do pecado e nos livra do poder das trevas. Amém!
A narrativa de Noé também ilustra a salvação e o recomeço em Cristo. Mesmo sendo ridicularizado, Noé permaneceu obediente, construindo a arca que salvaria sua família do dilúvio – um juízo de Deus sobre a humanidade. Ao sair da arca, Noé ergueu um altar e ofereceu sacrifícios ao Senhor, um ato que simboliza a entrega e a consagração. Este sacrifício já apontava para o de Jesus, que é a verdadeira fonte de recomeço para a humanidade. O número oito, representando as pessoas na arca, simboliza o novo começo que Deus proporciona a todos nós. E cada recomeço em nossa vida, seja um novo trabalho, um ministério ou um projeto, só se torna significativo quando Jesus é o centro.
Além disso, Êxodo 12 ensina que o sangue é um sinal. Quando o inimigo tentar nos intimidar com acusações ou lembranças do passado, podemos declarar com autoridade: “O sangue de Jesus já me lavou, me redimiu e me deu uma nova identidade em Cristo.” Não somos definidos por nossos erros ou por nosso passado, mas pelo que Jesus fez por nós. A marca do sangue nos dá autoridade para responder ao inimigo e afirmar que ele não tem mais poder sobre nossas vidas. Aleluia!
Assim como Deus levantou Moisés para libertar o povo do Egito, Ele também cumpre Seu propósito em nossas vidas, independentemente de nossas limitações. Moisés, já avançado em idade, foi usado pelo Senhor de forma poderosa para realizar Sua obra. Isso nos lembra que, quando Deus tem um plano para nós, nenhuma oposição pode prevalecer.
Ao celebrarmos a Páscoa e reconhecermos o sacrifício de Jesus, declaramos que todas as bênçãos liberadas nesse tempo também são para nós. Fomos enxertados na família de Deus e, como igreja, recebemos as promessas que foram feitas a Israel. O sangue de Jesus nos cobre, nos protege e nos dá vida abundante e eterna.
Amém e glória a Deus!